Moça com Notebook

Calibrando as expectativas

É assim que acontece?

A partir dos 20 anos

Muitos de nós, quando chegamos no meio da faculdade começamos a entrar em dúvida ou pânico por não termos bem a certeza se era isso mesmo que queríamos. Voltar para trás seria muito decepcionante para aqueles que apostaram em nós e também para nós mesmos. Seria de fato perder alguns preciosos anos e uma pequena fortuna. Então, o negócio é seguir em frente gostando ou não. Aí vem outro dilema: o primeiro emprego. Estágio? Trainee? O que aparecer? Vamos dançando conforme a música, a lei da sobrevivência, empurrando a vida com a barriga. Pois afinal, ainda somos jovens e temos muito tempo pela frente, não é mesmo? Então vamos curtir tudo o que a nossa juventude nos proporciona.

Quando saímos da faculdade temos a certeza que, com um diploma na mão e muitos ideais, as oportunidades irão aparecer como o portão do paraíso com inúmeras possibilidades e escolhas. Em toda a nossa vida acadêmica e familiar, aprendemos que precisamos ter uma excelente formação e preparo para o mercado de trabalho, e muitas vezes nossas escolhas profissionais estão baseadas naquilo que a família ou a sociedade aceitam. No entanto, ninguém nos orientou na prática como ingressar no concorrido mercado de trabalho.

Temos energia, somos pau para qualquer obra, aguentamos qualquer tranco, e assim vamos “desenvolvendo nossa carreira”. Se tivermos a “sorte” de trabalhar numa multinacional, uma empresa que invista no funcionário e, de quebra, um chefe que goste do nosso trabalho, o nosso futuro profissional estará garantido. Teremos a certeza que fizemos a escolha profissional certa, que estamos no caminho certo. Apostamos todas as nossas fichas e expectativas numa estrutura ou na decisão de um único elemento: O OUTRO.

O negócio é nos adaptar para sermos aceitos, entregar resultado para mostrar serviço e sermos reconhecidos, fazer a política da boa vizinhança para sermos lembrados. Afinal, flexibilidade, produtividade e relacionamento são habilidades muito valorizadas no mundo moderno.

A partir dos 30 anos

Geralmente casamos, compramos casa, temos filhos, as contas aumentam e as necessidades também. Muitas vezes, estes episódios não acontecem por etapas certinhas e planejadas. É como um monte de pratos que vamos pegando e tentando equilibrar. Com a carreira em desenvolvimento, nos vemos diante de inúmeros desafios e saímos abraçando todas as oportunidades que aparecem em nossa frente. Estamos em plena fase produtiva, com energia e tempo a nosso favor. É a fase em que precisamos tocar todos os projetos da nossa vida ao mesmo tempo: carreira, mais estudos e especializações, independência financeira, nova família, filhos, etc. Começamos a nos dar conta da necessidade e importância que o equilíbrio dos fatores tempo e dinheiro tem em nossas vidas.

A conta precisa fechar: 24horas, menos 7horas de sono, menos 8horas de trabalho, menos 2horas de trânsito… deixa eu ver o tempo que sobra para cuidar da minha vida pessoal: dá para fazer algum curso, passeio ou viajar? Vamos ver: salário menos despesas……huuummmmmm. Precisamos equilibrar tudo isso, dar conta do recado, correr atrás do prejuízo.

Chegamos a seguinte conclusão: precisamos ser promovidos! Assim, todos os nossos problemas e preocupações estarão resolvidos. Novas expectativas e realizações estarão vinculadas a um único elemento novamente: O OUTRO.

Trabalhamos ainda mais, o tempo passa e começamos a nos questionar se cuidamos da nossa qualidade de vida apropriadamente. Como estará a equação da nossa saúde física, mental, emocional, espiritual, financeira e social a esta altura?

A partir dos 40 anos

Com muita experiência e a carreira consolidada, começamos a repensar a gestão da nossa vida pessoal e profissional, do nosso propósito no mundo, da percepção de sucesso e felicidade, e do quanto tudo isso impacta em nossa qualidade de vida. Os filhos vão crescendo e, quando piscamos o olho, já viraram adolescentes em fase de vestibular. E, baseado em nossas experiências, frustrações, dores e aprendizados em relação ao mundo externo fazemos a mesma pergunta só que numa época mais moderna: “O que você vai querer ser quando crescer, filho?” A esta altura já colocamos todas as nossas expectativas e crenças em relação ao futuro deles e faremos de tudo o que for melhor para eles… um ciclo natural e vicioso que nunca acaba.

E AGORA?

Calma, tenho uma boa notícia. O mundo está mudando!

E você poderá me dizer: “Mas sempre mudou minha cara. Qual é a novidade nisso?“

A questão é que a mudança está acontecendo dentro de nós mesmos. A nova era será a da conscientização de sermos o protagonista da nossa própria história.

Seja qual for a etapa que estamos vivendo, uma coisa é certa: precisamos ter a rédea das nossas escolhas pessoais e profissionais em nossas mãos. Não dá para esperar o outro resolver pela gente, como fizeram nossos pais enquanto não podíamos decidir por nós mesmos. Não dá para esperar um chefe, empresa ou governo resolver a nossa vida profissional. Também não adianta culpar os seus pais ou gestores pelas suas escolhas, pois eles te oferecerem nada mais nada menos do que estava ao alcance deles.

A adaptabilidade aqui está em entender que estes movimentos para a mudança estão cada vez mais latentes. Novos núcleos familiares, sociais, educativos, corporativos, colaborativos e comunicativos estão sendo criados a partir destes questionamentos. A diferença estará no tempo em que cada um irá acordar para esta nova realidade.

Não tem nada de mais a educação que recebemos de nossos pais, é natural termos milhões de dúvidas na época do vestibular. Não tem nada de mais curtir os amigos, querer uma carreira, um bom emprego, casar, ter casa própria, ter filhos, tirar férias, ter saúde, tudo isso é o ciclo natural da vida.

A questão é que como lidamos com nossas escolhas? Como sair deste ciclo vicioso de achar que o outro é responsável ou culpado pela nossa carreira, equilíbrio e qualidade de vida? O primeiro passo é termos real noção da nossa essência, dos nossos valores, do nosso espaço neste mundo, do que podemos contribuir e como podemos monetizar isso.

Que história vamos querer contar quando tivermos alcançado estes objetivos?

Gisele Schaaf – Coach de Carreira & Planejamento Estratégico de Marketing
Autora do projeto CALIBRE-SE – Carreira com Liberdade e Realização

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