Filme de Câmera jogado na estrada

Não planeje seu futuro sem antes olhar para o espelho do seu passado.

Lembrar o passado nos traz boas memórias, outras vezes é melhor nem mexer. No entanto acredite, para viver um presente muito mais pleno e traçar um futuro mais próspero e feliz precisamos encarar de frente o espelho do passado.

Tudo que vivemos até o momento presente sejam elas experiências boas ou ruins, não foram em vão. Toda experiência traz um aprendizado e nos faz crescer. O problema é que, muitas vezes, crescemos com falsas crenças reforçadas por uma experiência ruim, e passamos a acreditar que não somos capazes ou merecedores. Sabe aquela história do copo pela metade? Ou ele está meio cheio ou meio vazio, depende do ângulo que queremos ver a situação.

Pois é, por muitos anos acreditei ser desafortunada de uma série de oportunidades que pessoas do meu convívio tinham, fossem elas uma boneca, uma bicicleta, uma viagem, uma roupa nova, uma escola privilegiada, um bom emprego, uma promoção…

Então foi muito fácil me colocar no papel de vítima do sistema, ou pior, de apontar para o brilho do outro como pura sorte, colocando sob um foco de tragicomédia do tipo: “de onde eu venho as coisas não são bem assim tão fáceis”. E as coisas nunca eram assim tão fáceis mesmo. Pois eu realmente acreditava que não era merecedora de nenhuma oportunidade ou mérito.

Um dia, acordei pensando que estava cansada deste papel de vítima e que precisava a qualquer custo mudar o rumo desta história. Foi quando, numa palestra, alguém perguntou: “Que história você vai querer contar para os seus netos?”. Putz, esta pergunta me pegou em cheio, fiquei apavorada de pensar na história dramática que teria que contar.

A primeira coisa que fiz foi o que chamamos de exercício de AUTOCONHECIMENTO. Não vai ficar pensando que é assim: hoje eu faço o exercício e amanhã eu mudo toda a minha situação. Dói, mas dói mesmo fazer este exercício. Por que a primeira coisa que precisamos aceitar é que tudo, mas tudo mesmo que acontece conosco, foi de certa forma, nossa responsabilidade e para o nosso aprendizado. Enquanto acreditarmos que o que acontece com a gente é puro azar, a história não vai mudar. Aprendi a simplesmente mudar a pergunta de POR QUE para O QUE. Isto fez uma grande diferença na forma com que eu passei a encarar alguns fatos. Em vez que perguntar POR QUE eu tinha passado por aquilo, eu passei a perguntar O QUE eu tinha que aprender com aquela situação.

Uma parte super importante deste processo é sermos gentis com nós mesmos, aceitando cada pedacinho de nossas células, entendendo que fazemos parte de um todo e que somos seres únicos. Sendo assim, as minhas experiências poderiam contribuir com este todo chamado universo.

Assim comecei a descascar o meu passado. Relembrar cada episódio me fez rir e me fez chorar, mas eu estava consciente de que no final teria que sair um suco do aprendizado, o sumo da minha essência.

Em seguida, fiz uma lista de tudo que eu tinha feito e aprendido desde criança que me fez ser quem eu sou. Por exemplo: aos 8 eu vendia os “enfeites inúteis” da casa da minha mãe, aos 14 eu vendia coxinha no colegial público para ajudar nas despesas de casa, aos 20 eu vendia roupas no banheiro da faculdade para conseguir pagar a mesma. E assim, fui tirando todo o “coitadismo” da situação para entender que:

  1. eu era uma vendedora nata;
  2. de fome eu não morreria;
  3. para mim nada seria impossível, e assim por diante.

Do ângulo que escolhi enxergar, foi muito mais fácil entender que situações difíceis poderiam ser úteis para a minha vida adulta. Por exemplo, posso dizer que por 20 anos no mundo corporativo, eu sempre fui uma pessoa que se diferenciava pela resiliência, característica muito importante para o mundo de hoje, não é mesmo?

Hoje, quando alguém me procura pedindo ajuda para tomar decisões profissionais eu sempre digo que é muito, mas muito importante fazer este levantamento por duas razões:

  1. para tirar todas as crenças que nos limitam a sermos felizes, a realizarmos nossos sonhos;
  2. para ajudar a lembrarmos de talentos e habilidades que estavam esquecidos ou que gostávamos, tamanha é a forma com que vamos nos fechando em cascas conforme envelhecemos.

E você? Que história vai querer contar para os seus netos?

Gisele Schaaf
Coach de Carreira & Planejamento Estratégico de Marketing
Autora do projeto CALIBRE-SE – Carreira com Liberdade e Realização

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